JOÃO MARIA –
CUJA META ERA A ENERGIA ELÉTRICA E SERVIR A TODOS
Nossa
cidade foi uma das primeiras a receber iluminação
pública, fato que já comentei numa destas
crônicas anteriores, mas dotação de
energia elétrica residencial, através de motores
para produzí-la, começou em 1905. Este fato
colocou-nos nas primeiras posições dentro
do âmbito gaúcho. Era um verdadeiro encantamento
ver uma pequena povoação com foros de urbe,
fornecendo tão importante benefício para a
população.
Desde ai, até os fins de 1940, fomos desenvolvendo
a prática de emitir e receber tão necessário
elemento do progresso. Tivemos altos e baixos no fornecimento
e como prova disso, mesmo com uma aglomeração
citadina de mais ou menos de 6 a 10 mil habitantes, os velhos
motores não conseguiam mais abastecer a rede municipal
e passamos a sofrer graves interrupções, quando
não, os famosos apagões tão desgraçados
que se espalham hoje por todo o pais.
A Usina Municipal não possuía capacidade para
atender a demanda e os geradores estavam em fase final de
transmitir o precioso bem para a comunidade.
Na gestão de Osmarino de Oliveira Terra quando este,
já no final de seu governo, passava seguidamente
o mando dos destinos municipais ao vice-prefeito cap. Bernardino
Silveira, foi adquirido um motor ATLAS POLAR OERLIKON e
de um alternador ASCA, no valor de Cr$174.000,00.
Por uma lei municipal nº11 de 27 de julho de 1948 foi
autorizado a receber o Poder Municipal um empréstimo
feito por um grupo de cidadãos para completar o valor
da compra e o numerário que foi depositado no Banco
da Província e assim se realizou tão importante
aquisição.
Mas devemos destacar nesse tempo de bonança ou crise
de energia elétrica, a figura de um homem que, graças
a sua disponibilidade, afinco ao trabalho e grande compromisso
com a terra em que nasceu, fez de seu labor uma forma de
vida e é por isso, ficou definitivamente colocado
entre os destaques da terra e, trata-se de JOÃO MARIA
SOARES DE LIMA, mais conhecido por “JOÃO MARIA
DA USINA”
Chefiou nesse período, que vai desde trinta até
meados de 50, esse órgão municipal e fez tudo
o que foi possível para que sempre tivéssemos
uma distribuição de energia relativamente
satisfatória de acordo com a realidade do local.
JOÃO MARIA, casado com a uruguaia Maria Rosa Neves
de Lima, comandava um grupo de homens que fizeram do “Recanto
da Usina” o segundo lar e que formou ponto de referência
em tão necessária contribuição
para o nosso progresso.
É de lembrar-se de seus funcionários como,
Dica (tocador de sax) e do Sertório Fontes, que eram
os homens que cuidavam da rede pública. Sempre calmos,
mas prestimosos, era comum vê-los passar por nossas
principais ruas empunhando uma grande escada, a fim de,
regularizar a condução da carga através
de uma fiação deficiente.
No prédio da Usina, estavam, além do chefe,
o Silvino Correa e Candinho Marisquirena, o Lito Oliveira
e outros e como as máquinas só funcionavam
à noite, estavam os mesmos desde o entardecer até
as 23 horas desenvolvendo o seu trabalho e depois, já
com a força desligada, ficavam a fazer os reparos
e as limpezas do local e quantas vezes saia na madrugada
uma comida gostosa regada a cachaça ou vinho, com
a presença de alguns boêmios, sempre à
luz de lampião.
Essa era a rotina daqueles que estavam sempre alertas nas
noites santa-vitorienses para o nosso conforto.
JOÃO MARIA, homem, relativamente culto, dado às
leituras, membro da Maçonaria, fazia em sua volta
muitas amizades e um sacerdócio de seu trabalho para
o nosso bem estar.
Homens como ele e seus ajudantes são os que, anonimamente
dão orgulho e exemplo a ser seguido no andar de uma
terra como a nossa, cravada neste extremo sul da Pátria.
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João
Maria Soares de Lima, sua esposa e vizinhos em sua
residência. (do acervo da família de
Wilson Massioti, filho adotivo do mesmo. Gentileza
de Milton e Gilmar Massioti) |
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Usina
Municipal vendo-se seu interior com os motores descritos.
Nele está a diretoria que comandava a sociedade
cujo o nome era Oliveira, Prato e Cia. (do acervo
do pesquisador Rubens Carrasco) |
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Usina
Municipal hoje sede dos escritórios da CEEE
vendo-se o modernismo com a colocação
de transformadores e no lado direito um aumento do
prédio para receber o motor Polar e posteriormente
dois motores BURMEISKERD sendo estes dois os últimos
instalados antes da encampação pelo
Estado do Rio Grande do Sul. (do acervo de Rubens
Carrasco) |
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Os
últimos geradores são da foto aqui apresentada.
(do acervo de Rubens Carrasco) |
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