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AS ARTES CÊNICAS EM SANTA VITÓRIA DO PALMAR

NARDI DE AZEVEDO E NLSON VASQUES RODRIGUES

Por causa do determinismo geográfico quando ficávamos longe de tudo. Estradas péssimas e o intransponível banhado do Taim, mais a costa do mar e a navegação na Mirim, faziam com que toda a nossa inclinação tivesse votada para os lados do Prata.
O contato com a cultura brasileira era muito difícil e raramente por estes lados chagavam expoentes da cultura nacional. Algum artista de passagem para Montevidéo ou Buenos Aires ou ainda mesmo um circo ou parque, faziam parada em nosso meio deixavam um pouco sua capacidade na música, e teatro e se não fosse o cinema, ainda mais distante, estariam as demonstrações de desenvolvimento nacional.
O rádio vizinho fazia com que nos dedicássemos à inspiração platina com os tangos, boleros, folclore e os livros que para cá vinham e davam uma formação estrangeira à nossa população.
Tudo aquilo que desejássemos ver ou ouvir na área descrita acima, deveria ser feita por nós, inclusive no futebol e dessa maneira, surgiram várias casas de espetáculos na cidade onde despontavam figuras amadoras que poderiam, saindo desde meio, fazer carreira nos palcos do estado ou país.
A arte cênica em sua forma teatral teve grande manifestação, mostrava a figura de Francisco Gomes de Almeida, o insuperável CHICO ALMEIDA. Este conterrâneo, além de trabalhar como ator, era cenógrafo, poeta, músico e fazia tantas coisas para o público, que após o seu falecimento, os seus seguidores criaram um grupo cênico cujo nome recaiu em sua pessoa – O GRUPO CÊNICO FRANCISCO GOMES DE ALMEIDA e a marca está afixada numa placa na escada do lado esquerdo de quem entra para os camarotes de nosso cinema.
Este estamento de artistas teve um período áureo, inclusive se apresentando mo Uruguai e em Rio Grande, sendo muito elogiado através das colunas dos jornais na dácada de 50.
Estes entusiastas divulgadores do teatro faziam duas ou três apresentações anuais em nosso palco do Independência e entre tantos destaques como Clara e Elba Pinto, Lucio Dupuy, Waterloo Camejo e sua esposa da. Nair, Edi Castanheira Holmis Camejo e muitos outros, mas pontificando essa “troupe” mergulhona mostrava-se duas personalidades que impactavam as platéias, em especial com dramas muito apreciados na época.
NARDI DE AZEVEDO, era completo nos palcos onde atuava. Além de homem sensintivo e de uma visão global do meio onde se apresentava, mais tarde, já com uma idade avançada, transformou-se num grande diretor, formando o seu substituto na pessoa de João Carlos Petruzzi que esteve a frente como ator e comandante até a sua prematura morte.
Ficou inculcada na imagem dos apreciadores dessa manifestação artística ainda hoje, a representação de Nardi Azevedo quando fez emocionar as assistentes com a peça Cego de Amor, de uma grande dramaticidade e de beleza temática.
Era este homem de uma energia tal, tanto representando, como dirigindo e fez com que por estes cantos do sul esta atividade tivesse seguidores e reconhecimento de muitos, inclusive de pessoas que por aqui passavam e se deslumbravam com o acontecido na ribalta.
Outro, mais jovem, de complexão física diferente e de uma maneira jocosa de se apresentar, principalmente nas preferidas comédias tão a gosto dos freqüentadores das casas dos festivais. Chamava-se NELSON VASQUES RODRIGUES, que além de ator consagrado era poeta, condição especial que Nardi também ostentava.
Moço alegre, de complexão gorda era conhecida pelo apelido de CHICO BÓIA, que erroneamente pensam que era devida a sua condição da nadar, mas principalmente de “boiar”, mas que, na realidade fazia semelhança com um ator americano de grande sucesso no momento que cada vez que se apresentava, a comparação se fazia notar.
Ele sempre dizia que para ser um grande ator deveria possuir as qualidades de entonação de voz potente e clara, saber usar as mãos e não demonstrar o seu nervosismo. Também, com orgulho afirmava que sua maior apresentação foi na comédia Talita.
Estas duas figuras se destacaram nos palcos santa-vitoriense ajudados pelo clima municipal de isolamento, a sólida direção e exemplo do velho Chico Almeida e o respaldo de poderem atuar no cenário organizado por este, mais o Ferrol e com a sonoridade e construção do Cine Theatro Independência que no dizer de um dos maiores artistas brasileiros de teatro, Jaime Costa, que no ato de inauguração entre agosto e 7 de setembro de 1922, quando aqui esteve referiu-se, que o local assinalado estava entre as três maiores casas do Rio Grande do Sul, depois, de São Pedro, de Porto Alegre e 7 de Abril, de Pelotas.
O grupo Cênico Francisco Gomes de Almeida – o Chico Almeida, sempre foi o vórtice da manifestação teatral neste meio e Nardi de Azevedo e Nelson Vasques Rodrigues, o Chico Bóia, estiverem na vanguarda da inclinação teatral de nossa terra.

 

Nardi de Azevedo – o velho Narolo.
Nelson Vasques Rodrigues – o Chico Bóia.
Francisco Gomes de Almeida – o Chico Almeida.
 
Vista do interior do Cine Theatro Independência observando-se um corredor no meio da platéia.
Fachada do mesmo teatro no dia da sua inauguração (7 de setembro de 1930).

 

Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br