OS COLEGAS DO FUTURO PRESIDENTE
DA REPÚBLICA DO BRASIL
Nova era do direito em Santa Vitória do Palmar
Os advogados Francisco Cava, Cândido Auch Ribeiro
e Andy Emílio Matte
Os
anos 30 já se aproximavam do seu final quando na
faculdade de Direito de Porto Alegre recebiam o grau de
Bacharéis em Ciências Jurídicas os conterrâneos
Francisco e Cândido que depois de uma formação
na cidade de Pelotas passaram à Capital que depois
do estado e naquele centro receberam tão almejado
diploma e prontamente os mesmos mergulhõezinhos se
deslocaram para nossa terra, a fim de iniciar uma carreira
no Fórum local, o quê fizeram pelo resto de
suas vidas, com dedicações, honradez, marcando
mais um período do desenvolvimento das letras jurídicas
numa área tão distante e agitada nos confins
sulinos do Rio Grande do Sul.
O jovem acadêmico Cândido Auch Ribeiro em adiantado
namoro com a jovem Mari Cardozo que estudava no internato
da tradicional escola porto-alegrense, o Bom Conselho, fazia
as visitas semanais nos “dias” que eram permitidos
pelas freiras para os encontros tão esperados.
Lá se encontrava uma prima da prendada moça,
Flora, que também havia se deslocado para aquelas
paragens em procura do desenvolvimento cultural que por
estes lados não conseguia.
Nessas estadas românticas o jovem bacharelando santa-vitoriense,
tendo como companheiro outro rapaz nascido em Porto Alegre
que, por força de pertencerem a turma de futuros
causídicos das leis, formaram uma sólida amizade
que durou por toda a vida, mesmo com as refregas dos tribunais
e da política.
Este moço chamava-se Andy Emílio Matte de
origem germânica como o Candinho e diferente do daquele
que formava o trio, o Chico Cava, que era saído dos
ancestrais italianos, da família do conhecido Chico
Cava, fazia constantes acompanhamentos à escola e
da relação com a prima Flora, formou um relacionamento
que terminaria em namoro e após, matrimônio,
tão cedo extinto pelo precoce falecimento da jovem
estudante.
Foi essa razão que Andy aportou por estas bandas
e daqui não saiu mais, onde depois da viuvez formou
outro lar com a senhora Inês Oliveira, de gente tradicional
de nossa terra.
Estes três moços, nos alvores de 40 para nossa
cidade vieram e aqui constituíram bancas de advogados
e passaram a ser figuras de destaque, tanto no meio profissional,
social, mas, sobretudo na esfera dos trabalhos forenses,
onde tiveram grande respeito entre seus concidadãos.
A inclinação jurídica os fez batalharem
no âmbito político partidário e quando
da redemocratização em 1945, Cândido
Auch Ribeiro formou fila na União Democrática
Nacional, sob a liderança local de Osmarino de Oliveira
Terra, sendo vereador, inclusive guindado várias
vezes a Presidente da Casa do Povo.
Andy Emílio Mate e Francisco Cava, que a contrair
casamento com uma das moças mais destacadas da nossa
comunidade, médica Nazir Vasques, se filhiaram às
idéias de Raul Pílla, no partido Libertador,
onde foram figuras de proa, lutando pela implantação
na organização de um novo sistema de governo,
conhecido por Parlamentarismo.
Durante o período inicial de nossa Democracia estes
jovens juristas se empenharam em participar nos embates
políticos-partidários e nas suas respectivas
organizações se apresentaram à consideração
eleitoral onde, Andy e Cândido participaram como candidatos
a verenança, sendo ambos eleitos, fato que repetiu-se
por outras legislaturas. Francisco, numa aliança
efêmera, foi candidato a Prefeitura Municipal, pelo
Libertador, tendo como companheiro o pecuarista, homem de
respeito entre todos, Otílio Amaral, do Partido Trabalhista
Brasileiro, mas que não conseguiu vencer.
A curiosidade na vida desses três cidadãos
que tanto deram por sua terra, embora um dele era de fora,
foi o fato de serem colegas nos bancos escolares da grande
Faculdade de Direito do nosso estado, de um jovem rico de
São Borja, na fronteira oeste, mas ligado às
cousas do campo e da vizinhança de língua
espanhola, através do Uruguai e Argentina e que se
chamava João Belchior Goulart que era afilhado do
ex-presidente Getúlio Vargas e se tornou ministro,
deputado, senador e pela desgraçada renúncia
de Jânio Quadros, uma das tantas aventuras eleitorais
que este pais viveu e que, por causa disso, levou o Brasil
a mais ferrenha ditadura militar e que tanto mal fez para
a maioria do povo brasileiro, foi guindado a presidente
do pais.
O advogado João Belchior Goulart, não viveu
os embates dos meios forenses porque dedicou-se a política
e seguiu um rumo diferente. Em determinadas ocasiões,
quando em campanha política chegava na terra dos
Verdes Palmares, fazia um tempo para encontrar-se com os
três colegas de Faculdade, mesmo em lados opostos,
porque era do PTB, fundado por Getúlio. Era um instante
de lembranças juvenis, dentro de um respeito mútuo
prolongado aqueles instantes que os bancos escolares lhes
havia proporcionado.
O tempo foi passando e os bacharéis aqui em nosso
meio seguram a vida que se propuseram, enquanto, João
Goular, alcançava o mais alto grau administrativo
até o momento em que foi derrubado quando pensou
nuns pais livres sem tutelas externas e uma participação
de todos nas oportunidades que deveríamos ter.
Estes moços mostram, cada um a sua maneira, que a
forte amizade não é separada pelos grandes
embates da vida. O Presidente da República nas alturas
do planalto central, em Brasília, Cândido Auch
Ribeiro, Francisco Cava e Andy Emílio Mate, construíram
uma marca de trabalho e fé nos destinos da Pátria,
mesmo que cada fosse de lados diferentes, desde estas longíncuas
paragens chãs deste imenso Brasil.
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