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A cultura Popular de Nossa Terra


Doralino Da Silva Castro—NENITO

Esta terra, desde os primórdios, sempre teve grandes vultos que se destacaram nas artes, em especial na pintura, teatro, música e ainda na representação da música e literatura.

Hoje queremos realçar a Poesia que foi uma manifestação intensa entre os habitantes deste torrão, provavelmente pelo modismo no auge dos versos franceses e de grandes poetas do Império e da República, que muitas vezes conduziam as comunidades com sua verve lírica, tanto na contundência das campanhas da abolição, como nos ataques jocosos, tão em voga no início do século xx. Eram esperados em nossos jornais a crítica, a acusação, mas sobretudo, o lado amoroso, grito de angústia e saudade que a gente traz dentro da alma.

Não importa o grau do desenvolvimento cultural do escritor, já que muitas vezes, um espírito singelo, transcrevia para o papel toda a sua emoção e este é o caso de DORALINO DA SILVA CASTRO-O NENITO.

De jovem, homem humilde, trabalhador, mas de uma inclinação boêmia, fazendo do trabalho a sua meta de vida e a poesia, a sua inclinação anímica. Estava sempre ao lado das grandes figuras culturais daqui, ora por força da profissão ou por causa de sua pendente inclinação para o lirismo.

Assim foi o NENITO!Era conhecido em sua velhice como vendedor de amendoim no cinema e futebol e distribuidor de jornal o Sul do Estado. Surdo precocemente, tinha dificuldade de comunicação, mas devido a sua simpatia e cordialidade, sempre era figura esperada nas páginas do jornal semanal citado. Gostava de mostrar aos outros suas inspirações e sempre estava pronto para uma sessão de prosa quando a mesma se tratasse de política ou versos. Grande figura!

Faleceu aos 96 anos e teve uma vida profícua de trabalhado até os últimos dias e deixou uma família que está integrada em nossa sociedade e era popularíssimo na, então, zona do Julio Leite, agora conhecida por Vila Rodrigues, sendo respeitado no meio e reverenciado pelos seus versos e deixou uma herança de cumpridor de seus deveres, mas numa áurea, quando moço, de mulato faceiro, o conquistador,enfim, um grande vate e como tal deixou transcrito no jornal República de 24 de Abril de 1909 este sentido poema que retrata, na sua simplicidade, a esperança, encanto, mas sobretudo, a procura de um amor etéreo e talvez inalcançável.

Se eu há pudesse estarLá no céu tem estrellas

Como a terra tem de flores
Sinto em meu peito saudades
Saudades de nossos amores.

Careço de ti meu bem
Careço deste lugar,
Veria meu bem contente,
Se eu lá pudesse estar.

Lá no céu de crystal
Embalando esta saudade,
Quizera meu bem formoso
Lá naquela divinidade.

Por essa faixa azulada
Eu dela tive saudade
Onde gela meu peito
No sono da eternidade.

Morena foram sonhos
Que tive no passado
Teria melhor prazer
Se não fosse tão desgraçado.

Olha ilusão daquelle em azulado
Quizera viver contigo
Naquelle sereno encanto
Naquele formoso abrigo.

Obs: ( a grafia do verso transcrita conforme a época e o uso do poeta)

Doralino da Silva Castro - NENITO

 

Resposta da pergunta da semana fornecida pelo competente pesquisador Rubens de Ávila Carrasco: A quem se referia a expressão usada nas décadas de 20 e 30—Sambica do Banhado? – Era o apelido jocoso que as pessoas da cidade davam aos interioranos, por causa de sua maneira de vestir e jeito de tratar.

 


Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br