PARADOURO DE SÃO
MIGUEL
Recanto Turístico da Fronteira e do Amor dos Mergulhões
Já
é do conhecimento dos leitores habituais que nosso
município sempre foi carente de rochas duras, as
conhecidas ígneas ou magmáticas, os basaltos
do Planalto Meridional que surgiram do outro lado da Mirim
e no sul onde vemos o “Cerro de São Miguel”,
ponto histórico às margens do arroio do mesmo
nome que liga a laguna Negra a esta que nos limita com o
Uruguai.
O Parque da Fortaleza de São Miguel foi um trabalho
importante que os nossos vizinhos edificaram em torno dessa
praça de guerra fundada por Silva Paes no alto do
monte, a fim de, resguardar e lembrar um fato da epopéia
sulina e que culminou na paz que daria a criação
do pais irmão.
Foi um trabalho hercúleo no fato de reconstruir as
ruínas que atestavam a passagem guerreira das nações
ibéricas no afã de conquistar terrenos e passagens
importantes no intuito de dominar a boca do Rio da Prata.
Esta obra, que cada vez mais encanta aos turistas e estudiosos
de nossas vidas anteriores, foi construída e terminada
graças ao grande Horácio Arredondo que teve
a incumbência dada pelo governo daquele Estado irmão
e que levou a bom termo sua façanha que até
hoje é admirada por todos.
Para desenvolver o turismo na região, além
das grandes belezas e das realizações materiais
ali desenvolvidas, foi necessário a construção
de um local hoteleiro para o pouso daqueles que para lá
se deslocavam. Desse modo surgiu o Paradouro de São
Miguel, obra monumental no setor hoteleiro que ainda nestes
tempos modernos está a frente, com destaque, de estrutura
para esses fins.
Foi inaugurado no dia 11 de outubro de 1947, sob a supervisão
de Arredondo e veio destacar-se no ramo futurista que depois
seria seguido pelos belos próprios que os uruguaios
construíram em sua costa, causando inveja do lado
brasileiro, que recentemente despertou para a efetivação
de locais na Barra do Chuí, Alvorada e Hermenegildo,
tratando-se do território santa-vitoriense.
Era um hotel luxuoso e que atraia veranistas ou viajantes
de grande parte do sul brasileiro, uruguaio e argentino,
sendo destaque na recepção dos que por lá
andavam. Possuia um atendimento de alta qualidade comparado
com os melhores que existiam por todos os recantos, inclusive
internacionalmente, possuindo fama de destaque quando se
falava em turismo.
As classes mais elevadas de nossa terra, muitas vezes, se
deslocavam para passarem alguns dias em meio a essa complexidade
hoteleira, já que pelo nosso lado estávamos
carentes desse encanto que atraia muitos, mas que precisavam
possuir bolsos fartos para poderem participar de estadas
em meio a uma natureza exuberante e diferente, com maiores
altitudes, vegetação arbórea e um panorama
maravilhoso, já que podia-se ver a Mirim, o arroio
São Miguel, desde o cerro Picudo, olhar o mar e os
confins de todos os quadrantes.
A piscina recém construída passou a ser um
grande atrativo num meio onde uma maravilha dessas era somente
vista em revistas ou filmes, fato que mais aguçou
a vontade de nossa gente e muitas vezes grupos de jovens
estudantes passavam as tardes em volta dela, em excursões
memoráveis de prazer e namoros, em momentos de férias
de verão.
No entanto, o santa-vitoriense passou a ter um impulso maior,
quando do momento do matrimônio, os nubentes para
o Paradouro de São Miguel se dirigiam, a fim de,
passarem a sua “lua de mel”, dando início
a uma nova vida a dois. Esse hábito persistiu por
muitos anos até terminar quando outros atrativos
maiores, em locais mais longos afugentou os amorosos casais.
O Paradouro de São Miguel foi um marco na captação
do turismo do lado de lá de nosso território
e marcou a realização de um povo que pressentiu
muito antes que nós o poder econômico que era
receber gente de fora, a famosa “indústria
sem chaminé”, mas muito mais do que isso, quantas
famílias formaram-se a partir desse momento, num
lugar tão bonito, cuja paisagem alterosa presenciamos
ao longe para as bandas do sul.
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