JUVENAL AMARILLO –
UM MERGULHÃO NA COPA DE 50
RECUPERANDO UMA INJUSTIÇA
Um dos momentos mais tristes da vida desportiva de nosso
pais foi a derrota no Maracanã, em 1950 pela Copa
do Mundo, ganha pelo Uruguai que, mesmo inferiorizado tecnicamente
e na nossa casa, soube, galhardamente ser o campeão.
Nesta seleção nacional, uma das melhores formadas
no Brasil, encontrava-se um zagueiro, que na época,
chamava-se “back central” de nome Juvenal Amarillo,
nascido aqui e portanto, nosso conterrâneo.
Nunca muito lembrado pelos seus feitos, aliás, muitos
em sua carreira de jogador de futebol, por causa da síndrome
de ter sido um dos responsáveis por não ter
interceptado o cruzamento fatal que nos daria a derrota,
mesmo que a partir de 1958, começássemos a
trajetória vitoriosa, onde nos colocou como a pátria
do esporte bretão, com cinco conquistas, desde então.
Juvenal, sempre teve, por muitos esportistas daqui, como
dissemos, uma reserva pelo fato narrado e mais ainda, por
umas declarações a um jornal carioca onde
o mesmo dizia “que sua origem era a cidade de Pelotas”.
Nossa terra deu tantos “cracks” do quilate dos
campeões de 35 pelo clube do Regimento, depois, transformado
no C. Atlético Farroupilha, onde formavam em suas
fileiras, Coruja, Bichinho Dágua, os Irmãos
Birilas, Aparício Chaves e o destaque maior, que
foi Sezefredo da Costa, o Cardeal, também vestindo
a gloriosa jaqueta da Seleção Brasileira nos
idos de 40.
Juvenal, começou sua recorrida nos campos, vivendo
em nossa cidadezinha onde nasceu em 1923, formando seu destaque
no E. Clube Vitoriense, nas datas dos anos 30 e início
de 40. Como todo o jovem, deveria prestar o serviço
militar, deslocando-se para a Princesa do Sul e lá,
misturou-se a um grupo de verdadeiros jogadores de alta
classe, orientado e encaminhado para tal, pelo nosso conterrâneo
Nestor Corbiniano de Andrade, o Castelhano, que era militar
no 9º regimento. Daí, foi para o Cruzeiro de
Porto Alegre, a terceira força clubística
da capital, onde se encontrava outro mergulhão que
lhe deu grande apoio e que foi Valdir Echart. De lá,
seguiu para a capital da República e ingressou no
mais popular clube de futebol do Brasil que era o C. de
R. Flamengo, onde foi convocado para a seleção
nacional. Ali encontrou-se no momento do desastre. (uma
pequena curiosidade narramos neste momento – “
o Brasil nunca foi campeão mundial de futebol, tendo
como titular um jogador do Rubro-Negro – façam
a prova!)
Depois desse momento no Rio de Janeiro, ingressou no Palmeiras,
de São Paulo, que no ano seguinte ganhou a Copa Rio,
tendo como adversários os times do Prata, Penharol
e Nacional, que possuíam os jogadores bases da esquadra
vitoriosa em 50. Esse fato não lhe serviu de consolo
para o resto da vida, conforme uma entrevista na revista
Placar. Terminou seus dias de atleta da bola, jogando na
Bahia e passou a viver por lá.
Era um inveterado boêmio, com muito dinheiro no bolso,
perambulando na noite e cercado por mulheres famosas, entre
elas a cantora de mais destaque no seu tempo, que era Araci
de Almeida, a maior intérprete das canções
do imortal Noel Rosa.
Agora passemos ao título da crônica, que por
si só, é polêmico. Juvenal, raramente,
após essa situação, vinha à
Santa Vitória do Palmar visitar sua genitora e o
irmão adotivo, figura carismática e conhecido
na cidade que é o Vitório do Palmar e que
nos abasteceu de material e informações do
atleta citado.
Repetimos que ainda agora, circula nos meios do esporte
a pecha de que o vice-campeão do mundo, haveria dito
que era originário de outra cidade, como já
referimos inicialmente, mas quando estudantes la, tivemos
oportunidade de ter em mãos, o fatídico jornal
do Rio, onde possivelmente dizia que ele era de Pelotas.
Aqui vai a verdade: Juvenal, o crack mergulhão, ao
ser perguntado onde havia começado sua vida profissional
referiu-se à cidade das margens do São Gonçalo
e nunca disse que era de lá.
A mágoa da perda do título praticamente ganho
e essa interpretação mal recebida, fizeram
que Juvenal Amarillo tivesse uma existência amargurada.
Não sabemos mais dele, nem seu irmão. A última
notícia a que se refere ao inditoso jogador, é
que ele vive ou vivia, na capital baiana e estaria, hoje
com mais de 83 anos.
Nunca mais retornou aos seus pagos, mas, mesmo com todos
esses percalços e dúvidas, não invalidam
a sua atuação nos campos de futebol e como
um representante desta terra dos 150 anos.
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Juvenal com a camisa
do Vitoriense ao lado de Nabuco Sarapico, Galinha,
Oscar Rodrigues em fim de 30 |
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A última
foto de Juvenal nos anos 70, tirada em Salvador |
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Seleção
Brasileira no estádio do Pacaembu na Copa do
Mundo |
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