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Ensino da Fundação até
a República
Nossa terra teve, como muitas outras do interior, uma evolução
lente no setor do ensino, acompanhando o marasmo cultural
que nos envolveu e o que é mais grave, continua a
ser prejudicial ao desenvolvimento brasileiro.
A preocupação dos nossos estancieiros com
o aprendizado de seus filhos refletia-se na tentativa dos
mais abastados de mandarem os jovens estudar em escolas
particulares de Rio Grande, Pelotas, Porto Alegre e Montevidéu,
mas os homens do interior da campanha, que eram maioria,
para suprirem os "filhos das primeiras letras",
usavam de um artifício que bons e duradouros frutos
estenderam por toda a sociedade: as professoras residentes
nas fazendas.
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Eram moças geralmente pobres da cidade, que tendo
alguns rudimentos de linguagem e aritmética eram
recebidas nas estâncias para darem classe. Desta maneira
foi que a alfabetização começou em
Santa Vitória do Palmar, em seu interior e na cidadezinha,
o que não era muito diferente.
O ensino oficial foi criado em 29 de abril de 1861, conforme
cita Tancredo Fernandes de Mello, embora provisoriamente
surgindo duas classes, uma para meninos e outras para meninas.
Foram nomeados para ministrarem aulas a professora Generosa
Mendes Ferreira e seu esposo João Antônio Mendes
Ferreira. O padre da paroquia José Vasques Gonçalves
foi indicado delegado paroquial, espécie de secretário
de Educação.
Após algum tempo com a experiência em separado,
foram os educandos agrupados em classes mistas e desenvolvendo-se
o ensino conforme as normas vigentes, tendo evoluído
para escolas públicas, que se transformam no centro
educacional de nossa terra com a criação do
Colégio Elementar já no século XX.
A aplicação do ensino nesse tempo era de uma
maneira simples, tendo como matérias básicas
a Linguagem, a Aritmética e o Civismo que englobava
a História e a Geografia. Disciplina duríssima,
com obediência e respeito totais, como se fôssemos
conduzidos pela férrea orientação militar
tão em voga, com o uso da "palmatória,
os grãos de bico e a prisão atrás do
armário", situação que continuou
no inicio dos anos de 1900.
Um dos livros que dava as diretrizes dos ensinamentos era
a SELETA EM PROSA E VERSO, de Clemente Pinto e editada na
Casa do editor Rodholfo José Machado, de Porto Alegre,
e trazia os básicos ensinamentos da ordem e da moral
vigentes, mais uma ufanística transcrição
de obras literárias de nossos maiores poetas. Sempre
havia na Seleta uma indicação da conduta que
o jovem deveria seguir.
Desse modo, se apresentava o ensino aqui desenvolvendo uma
pequena elite em nossa gente e que tanto honrou os parâmetros
culturais destas plagas do sul do Brasil.
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