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A REGULAMENTAÇÃO DOS TERRENOS DE MARINHA

Hoje existe no nosso município um clima de apreensão e medo, pelas diligências que estão sendo feitas para a organização de UM PLANO DIRETOR a fim de gerenciar as nossas áreas, ditas de (destaco que é de marinha e não da) marinha e que vão desde o Farol do Sarita, limite de nossa costa, ao norte e na foz do arroio Chuí, agora aprisionado por uns trágicos e dantescos molhes, aliás, na minha opinião, o mais terrível ataque ao “meio ambiente” que se realizou em nosso território e que provavelmente nunca mais poderá acontecer outro igual, mesmo com a “MENTIROSA MARÉ VERMELHA, que foi brutal para o sistema ecológico, mas que, devido a dinâmica do oceano, durou pouco tempo, embora, se não retirada a possível causa(o navio Taquari, naufragado nas costas de La Paloma, em Rocha, no Uruguai) sempre estaremos sujeitos a que o veneno que talvez estejam nos porões do barco sinistrado, voltem a surgir durante um grande temporal, pela corrozão dos tonéis onde está armazenado.
Essas exigências de fiscalização da região em questão, não são novas e desde 1831 já encontramos leis e regulamentos que indicam os procedimentos para cuidar do local tão frágil, mas, que o ocupamos desde os fins de 1800, mormente, com a fixação da orla marítima, dando surgimento dos balneários, Barra do Chuí, Hermenegildo, Maravilhas e por último, o meio uruguaio, Alvorada.
Acho que esse zelo é necessário para uma organização social destes terrenos à beira da costa, que são efetivamente da União Federal e que todos sempre souberam que, mesmo edificando nesses locais, somente teriam a posse, através do consentimento oficial do Estado Brasileiro, mas agora, a fiscalização se estende para mais de 300 metros, continente adentro, a fim de dar uma proteção ecológica. No entanto, somente na parte terrestre existe o cuidado efetivo da situação ambiental? Pergunto, por que o próprio governo, através das entidades protencionista, também, não cuida do estrago que os barcos pesqueiros fazem diariamente em nosso mar costeiro e que por causa disso, hoje, ele não representa o tanto que foi em menos de 20 anos. Desapareceram os mariscos, peixes, nem se fala e a fiscalização ensandecida, cuida, acho que bem, até de um corte de uma árvore alienígena, duma duna primária, mas também, agride, inclusive crianças pescadoras que se atrevem a lançar uma linha nágua.
Quando os návios chegam até a 200 metros da costa e atiram suas redes de arrastro, desrespeitada a lei, nunca se vê a atuação dos órgãos oficiais, que somente se atém ao continente. Dizem que a multa é muito pequena e que os proprietários das embarcações lucram, mesmo tendo que pegá-la. Justiça seja feita ao Distrito Naval sedeado em Rio Grande que, ao chamado telefônico daqui, na medida do possível, faz uma viagem até os confins do litoral e afasta essas terríveis e arrazadoras naves que, passada a fiscalização, voltam a praticar o mesmo crime. Não está havendo uma verdadeira violência contra os de terra em favor dos do mar? Por que não confiscam esses pesqueiros temporária ou definitivamente?
A seguir, mostramos um edital feito na década em questão e que já preparava a população santa-vitoriense, para tornar-se côncia de suas responsibilidades ambientais, mas ao mesmo tempo, alertamos às autoridades governamentais ambientalistas de que o cuidado do eco-sistema é de todos e quem o agride, deve ser responsabilizado, sem olhar o poder econômico dos grandes grupos de pesca, lembrando que se uma criança, ao largar seu anzol no mar, deve ser orientado e fiscalizado para o respeito às leis e os cuidados da ecologia, mas que não se fruste com o que vê, no bonito oceano e que ele, mais uma vez, não se sinta impotente, por tal transgressão que vê todos os dias e que, na realidade, não é nada educativo e sobretudo, assim, não o irá preparar para o PLENO DIREITO DE CIDADANIA


Edital – Jornal Liberal de 27 de fevereiro de 1935.

 

Foto do bonito mar de Santa Vitória do Palmar
que o cuida e resguarda há mais de 150 anos.

(Apoio Cultural da Foto Collor)

 


Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br