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Os Clubes da Barra do Chuí

O Clube das Goteiras e o Beira Mar

Como o balneário Hermenegildo, que possui um vestuto local que serviu para o encontro das pessoas ali veraneando e que foi retratado pela competência de Wilson Rodrigues Corrêa, a práia da Barra do Chuí teve contada, através, de informações orais, seu ponto de encontro de uma maneira peculiar e que hoje a informação está contida no folclore da região.
A Barra do Chuí, nasceu de uma escapada da gente rica de nossa cidade para a beira mar, nos anos do fim do século XIX, não existindo data precisa (talvez algum leitor possa aclarar essa informação) a fim de, evitar uma epidemia, que talvez fosse a terrível gripe “Influenza” ou de um surto de minigite, que tantas vítimas fez em todo o mundo e por estes lados, não poderia ser diferente.
JOCA DOCUMENTO, proprietário dos terrenos à beira das barrancas do bucólico arroio Chuí, que agora não passa mais pela frente deles, no maior crime ambiental produzido pelos chefes da “gloriosa” ditadura de 64, que foi a construção dos “molhes da Barra, que servem para nada, resolveu construir alguns ranchos para alugar àquela gente que se dirigiam à costa. Em uma ocasião, sendo a procura pelos abrigos, muito grande, o dono da região apressou-se em fazer casas, mas uma delas, talvez a última, ficou com uma cobertura de palha santa fé, mal feita e não evitava a água da chuva, muito comum, nos meses de verão. Como ninguém quizesse ocupar tal moradia e se incautamente o fizesse, as reclamações eram severas e esse homem do mar, resolveu, numa atitude de cordialidade ou esperteza, deixá-la para um uso de emergência e como ninguém se habilitava, procurou cedê-la para que os veranistas a usassem, quando não havia mau tempo, transformando-se no primeiro (?) clube da Barra do Chuí. O interesse pelo local envolveu a todos e não mais prescindiram de ir até lá divertirem-se, mesmo quando chovesse a ai estava o desastre, pois como se diz por aqui, “chovia mais que na rua” e por isso, jocosamente, ficou conhecido pelo “CLUBE DAS GOTEIRAS”. Completo, alertando que na imaginação e arte da conterrânea e veranista do local, profª. NEIDA RODRIGUES, colocou o prédio em questão, num trabalho magistral e que ficava ao lado da “Casa da Dra. Laura” e que, possívelmente, fosse o CLUBE DAS GOTEIRAS.
Crescendo o povoado e não sendo mais possível aturar as chuvaradas, a sociedade daí começou a se reunir num grande ranchão do sr. Denolé Pereira, filho de Joca Documento e que ainda hoje está, embora modificado, fincado onde foi o bar a Vertente, de Omar Pontes, entre os hotéis Atlântico e Turismo.
Mais tarde foi construído, nas imediações da praça da estação, uma grande chalé de madeira e para ai transferido o clube. Esta obra teve a edificá-la uma figura muito querida em toda a comunidade santa-vitoriense que foi o célebre jogador de futebol do E. C. Vitoriense, apelidado de Russo e que numa das próximas crônicas, aqui será retratado, numa justa homenagem por sua atuação e vivência entre nós.
Depois surge o Clube BEIRA MAR, em 19 de fevereiro de 1933, tendo como seu primeiro presidente, BRASILIANO FAUSTINO CORRÊA, em terreno doado pelo já dito, dono das terras, o DOCUMENTO.
Foi um grande acontecimento nos meios sociais de Santa Vitória do Palmar, principalmente aos veranistas daqui, do Chuí e da vila uruguaia do mesmo nome. Dotado, na década de 40 de um moderno motor e gerador de eletricidade e com essa conquista, foram aposentados os competentes faróis à gasolina ingleses da marca Colleman, principalmente, e uma “eletrola” produzindo músicas para diversão.
Este novo próprio dos veranistas foi substituído nos anos 60 por um maior, todo de alvenaria e que se localiza no entroncamento da estrada estadual que leva o mar, com a que se dirige para a ponte que une as duas práias separadas pelo Chuí.
Do CLUBE DAS GOTEIRAS ao que depois foi um ponto de parada no rancho do sr. DENOLÉ PEREIRA, até o chamado BEIRA MAR, ficam as lindas histórias do contato da gente fronteiriça, das festas carnavalescas, dos amores e desencontros surgidos e muito mais, da afirmação desta gente que vive no extremo sul do Brasil.

Desenho saído da imaginação da artista desta terra, a
profa. NEIDA RODRIGUES, onde teria sido o Clube das Goteiras,
hoje propriedade do médico Flor Amaral.

 

Chalé onde esteve o Clube Beira Mar no ato de sua fundação.

 


Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br