FAZENDA SANTO ANTONIO –
UMA LUZ NA CAMPANHA
Quando uma Família é referência na Canoa-Mirim
O
interior do Rio Grande do Sul desde os séculos XVI
e XVII, foi um depositário de gado comercializado
em grande tropas, saídas dos campos uruguaios da
Colônia do Sacramento e das Missões Jesuíticas.
A região onde agora estão os municípios
de Chuí e Santa Vitória do Palmar, dada sua
posição geográfica, quase como uma
península, inclusive sendo esta chamada, em tempos
antigos, de Península do Albardão, foi uma
rota escolhida pelos tropeiros para levarem os animais,
carga preciosa, para os entrepostos de Sorocaba, em São
Paulo e daí, seguiram ao interior de nosso país,
a fim de, alimentar as grandes levas de homens que para
lá se deslocavam com o intuito de explorar o ouro
e diamantes recém descobertos.
Como prova disso, temos as denominações físicas
neste território que atestam as grandes califórnias
e passadas dos animais, como, Mangueira, Pastoreio, Passo
Fundo, e os Currais, de Arroios, Grande e Alto, onde o cavalo,
o burro e a vaca, reinavam como único produto da
economia local.
Com a desenfreada captura desses animais, foi necessário
estabelecer paradas para o criatório deles e ai surgiram
as grandes estâncias adquiridas através da
prática da doação das sesmarias, feitas
pelo governo português, de tão importante estratégica
passagem.
Nabor Ary de Mendonça, foi um dos representantes
do clã Mendonça que tanto contribuiu para
a posse desta terra e o seu desenvolvimento, sendo um ponto
de contato com o porto de Rio Grande e as charqueadas de
Pelotas.
Praticamente viveu toda a sua existência nessa região,
paragem bucólica da família e ai formou o
seu estabelecimento e unindo-se a uma rochense Ana Maria,
deu-nos duas filhas de destaque cultural e profissional,
orgulho de seus conterrâneos, Anabela e Diana. Todas,
suas companheiras nessas paragens da Canoa-Mirim.
Este homem, da estirpe interiorana, praticamente nunca saiu
de seu habite natural e mesmo tendo residência em
nossa cidade, faz dela, um ponto de passagem, principalmente
antigamente quando o deslocamento para a sede era muito
difícil, voltando logo ao lugar que sempre amou.
Junto com seu genitor desenvolveu, além das atividades
inerentes ao campo, uma pequena indústria de produtos
saídos das atividades rurais. Uma mini fábrica
de queijos e enlatados foi destaque na Exposição
Provincial de Porto Alegre, quando recebeu a Medalha de
Ouro em 1860, bem nos primórdios da evolução
desta região mergulhona.
Nabor Ary de Mendonça, em seu meio foi, praticamente,
homem de muitas atividades.
Destacou-se como pecuarista, político, tendo ocupado
os cargos de sub-delegado e sub-prefeito na localidade.
Pontificou como médico de campanha e grande professor
da redondeza.
Sua gente o acompanha desde muito tempo e a sua residência,
que hoje está sendo restaurada e nela apresenta provas
dos trabalhos de marcenaria, carpintaria, ferraria e outras
atividades para o desenvolvimento da estância.
À parada a beira da estrada da canoa, agora, além
de tudo, mostrado, possui uma outra grande qualidade, é
um museu vivo de todas as experiências de seu NABOR.
Este homem, símbolo dos intrépidos varões
da campanha nasceu aqui, em 1915 e por sua frente passaram
os grandes acontecimentos da vida nacional e orgulha-se
de fato de conhecer quase todos os cantos do Brasil. Fixado
no interior santa-vitoriense, é dado a tantas viagens
da recreio, de aprendizado e diz que somente os estado do
Pará e Rio Grande do Norte ele não colocou
os pés, mas que essa nova aventura está dentro
de seus planos de andanças.
Nabor Ary Mendonça, cercado pelos seus, envolto na
bonança de seu sítio, a sombra de grandes
e históricos figueirões, mantém, no
pátio frente a sua bela casa, um tripé, com
um depósito de óleo onde antigamente era de
carvão e lenha, para acendê-lo quando recebe
visitas que lhe dão grande satisfação.
Sempre alegre e simpático e junto a fidalguia da
dª. Ana Maria, Anabela, Diana, mais os funcionários
que dão sustentação ao trabalho do
pouso, este grande gaúcho, tendo ainda como paisagem
de fundo, os vetustos galpões da fazenda, sua casa
de moradia em fase de recuperação, dos animais
que servem ao trabalho e os carros antigos, como uma carruagem
de 1869 e um “faith” de 1921, em ótimo
estado de conservação que serviram em outros
tempos de locomoção como era costume, em nossos
ínvios caminhos de barro ou poeira, servindo de únicos
transportes, além das carretas e dos cavalos.
No ano de 2008, quando um grupo de amigos se deslocava para
o interior até arroio D’el Rei, ao estacionarem
na Estância Santo Antonio, o fogo foi aceso ao fim
da tarde e tivemos uma amistosa e fraterna recepção
dessa gente e Nabor Ary de Mendonça deu-nos um exemplo
de fé na terra, na produção e disse
com orgulho e distinção que: “o maior
bem é o Caráter e sempre destaca que no trabalho,
o homem será o condutor dos destinos do planeta”.
Era o começo da noite! A caravana partiu em direção
à cidade, mas pudemos vislumbrar, além da
porteira da Estância Santo Antônio, aquela luz
entre as árvores, emoldurando a paisagem das casas,
das gentes e dos animais, simbolizando a estada de um dos
grandes conterrâneos, clareando este pampa santa-vitoriense.
Nabor Ary de Mendonça, homem de fé, família
sólida e desde os seus 94, dá o grande exemplo,
iluminando caminhos com trabalho, esperança e amizade.
Um grande homem da campanha. Seu Nabor, obrigado por tê-lo
entre nós...
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Nabor
Mendonça e família. |
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Casa
de Nabor Mendonça. |
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Nabor
Mendonça. |
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Nabor
Mendonça. |
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Casa
de Nabor Mendonça |
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Nabor
Mendonça. |
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