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O Balneário do Hermenegildo
Continuamos tentando conquistar o nosso litoral tão
difícil de ocupá-lo, principalmente pelos
enormes "combros" que se depositam na orla e por
causa da dificuldade de acesso ao mar.
José Antônio Fontes chegou do Rio de Janeiro,
via Jaguarão, para exercer o seu trabalho de construtor
e aqui encontrou dona Cecília, que foi sua eterna
companheira nestas plagas sulinas.
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Como carioca e amante do oceano, sentiu a necessidade de
chegar até o Atlântico e aí fazer um
paradeiro, principalmente nos meses de verão. Mas
os obstáculos eram enormes para chegar até
lá, numa distância menor (13 km em linha reta
desde a cidade), pois também existia o banhado que
acompanhava a linha da costa em todo o nosso Estado e que
era praticamente intransponível, raras exceções
na Barra do Chuí que já se formava, nos fins
do século . Para esta grande aventura era necessário
conjugar locais sem areia e uma passada mais ou menos permanente.
E assim foi conseguido nos campos de Hermenegildo Silva
(daí o nome do balneário de Hermenegildo),
talvez entre os anos de 1880 a 90 e num campestre, à
beira de um riacho que hoje leva popularmente o nome de
"Riacho do Tertuliano" ou da dona Juraci, onde
agora estão as casas da família Torino e Silva
e Pinto de Oliveira, herdeiros naturais do casal José
Antônio e Cecília, e aí se desenvolveu
a "estação", com um acampamento
de carretas e ranchos dando vida a um humilde centro humano.
Posteriormente, o sr. Hermenegildo Silva, sentindo o futuro
daquela localidade incipiente, construiu alguns ranchos
de madeira que davam à praia, com cobertura de palha
Santa fé, e começou a alugá-los para
amigos primeiramente e depois a todos que desejassem usufruir
das delícias do mar.
Começa então o fluxo de pessoas no Passo do
Hermenegildo, comungando os atrativos da salutar permanência
entre os areais, ventos, sol e mar, sob o comando de dona
Cecília que, em sendo proibido o banho conjunto entre
homens e mulheres, deveria existir a separação.
Para que tal fato acontecesse, a veneranda matrona, possuindo
um sino colocado num poste onde até hoje está
mais ou menos a residência das famílias Martino,
Azambuja e Patella, este soava e era o sinal de que a separação
por sexos deveria imediatamente acontecer e os homens iriam
localizar-se nas casas. Posteriormente, como as áreas
de campos haviam sido ocupadas, foi necessário edificar
na beira da costa e é pior isso, que hoje somos uma
estação de veraneio localizada mais próxima
da margem do mar em todo o Rio Grande do Sul.
Do passo do Hermenegildo, com a vontade férrea de
José Antônio Fontes, seguido pelo seu genro
Joaquim Torino, com a vigilância de dona Cecília
e debruçados desde os "combros" atentos
ao soar do sino, ficamos embalados pela fúria dos
elementos telúricos, mas ao mesmo tempo, pela sonoridade
e refresco que vem do mar do Hermenegildo.
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