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Artigo
Resgatar o 19 de abril para além do discurso
Por Alceu Moreira*
O dia do Índio chega de novo sob a marca de políticas
federais tímidas e equivocadas. Por causa ou por falta delas,
as populações indígenas e suas demandas são
submetidas a juízos locais que, por redução aos
interesses imediatos e alheios ao contexto histórico, social
e cultural, geram violências de toda ordem. O resultado é
um comportamento monocultural que vê a questão sob a ótica
única dos valores brancos, que não considera a propriedade
coletiva como valor maior, que não consegue lidar com o social
sobreposto ao econômico. A política de inclusão
dos povos indígenas deve ser vista como ação da
sociedade civil, do estado e dos próprios índios, não
cabem a tutela por ela mesma, o clientelismo e o autoritarismo.
Aqui no Estado optamos por uma política de inclusão efetiva,
em contraponto ao perdulário hábito de infindáveis
eventos "intelectualoidizados", onde se elocubra em auditórios
refrigerados, enquanto crianças indígenas sucumbem à
morbimortalidade infantil.
No Rio Grande do Sul a população indígena é
de 25 mil pessoas, sendo 23 mil Caingangues e 2 mil Guaranis. A necessidade
habitacional deste contingente, no início do nosso Governo, era
de 1.607 unidades. Por meio da Secretaria de Habitação
trabalha-se, neste momento, na construção 1080 habitações
indígenas, em 38 municípios. Até o final do próximo
ano, portanto, o déficit deverá estar zerado. As casas
foram projetadas pelos técnicos da Secretaria, acompanhados pelo
Conselho Estadual dos Povos Indígenas e com interferência
direta dos Caingangues e Guaranis, ou seja, respeitando hábitos
e culturas.
A vontade política e a criatividade podem superar orçamentos
insuficientes, tanto que, na Reserva da Guarita, por exemplo, (Redentora
e Tenente Portela) a madeira utilizada na construção de
casas é proveniente de postes tratados, fornecidos pela CEEE
e desdobrados em kits por uma madeireira da região. A UNIJUI
treina índios em atividades de carpintaria, habilitando-os na
montagem das moradias e, por conseqüência, conferindo-lhes
uma habilitação profissional.
Nessa mesma reserva, há mais de 100 dias não morre uma
criança indígena por morbimortalidade infantil, resultado
da atuação da Secretaria da Saúde. Na verdade desenvolve-se
no estado um programa de governo denominado "Inclusão Indígena".
Nessa ação estão envolvidos 12 órgãos
estaduais, na tarefa de dotar as comunidades indígenas de infra-estrutura
básica, zerando o atual déficit habitacional, garantindo
os direitos constitucionais de acesso à saúde e educação
e promovendo o desenvolvimento sustentável, respeitando as especificidades
de cada cultura indígena.
O Programa está dividido em três subprogramas: Habitação,
Infra-estrutura e Social, integrados por um único comitê
executivo sob coordenação da Secretaria de Coordenação
e Planejamento e do Conselho Estadual dos Povos Indígenas. Com
respeito e vontade, vamos recuperando o orgulho nativo. Na prática.
*Secretário de Estado da Habitação
e Desenvolvimento Urbano
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