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Câmara cassa mandato de VereadorPlanetSul 27/02/2004
Passava das 18 horas quando a Câmara de Vereadores iniciava a sessão extraordinária para análise do relatório da Comissão Processante, que investigou o chamado caso do “Cheque desaparecido”, envolvendo o Vereador Aluisio Alegre Machado. Aberta a sessão, o Vereador José Erli Dias de Oliveira (PP), solicitou à mesa diretora a leitura da peça processante, com mais de 150 páginas. A leitura do documento consumiu mais de duas horas da sessão. Seguiram-se manifestações dos vereadores e a defesa do acusado, pelo seu Advogado, Dr. Luciano Pereira, argumentando inconstitucionalidade desta sessão, já que de acordo com o Decreto-Lei 201/67, que determina prazos legais para processos de cassação de mandato de prefeitos e vereadores, segundo a defesa, não observados pela Câmara. Já o Presidente da Câmara, Vereador Volmair Barreto, destacou o trabalho da Comissão, realizado dentro dos prazos regimentais, não sendo julgado em sessão anterior, simplesmente pela ausência do acusado, prorrogando-se aquela sessão visando oferecer ao Vereador Aluisio, todas as condições para a sua defesa. Mesmo assim, o único argumento da defesa foram aspectos técnicos jurídicos, sem nenhuma contestação ao relatório da Comissão Processante e Laudos Técnicos que o acompanham, baseando apenas em prazos legais, alegadamente não cumpridos pela Câmara. Após manifestações, a mesa convocou a votação
dos vereadores, esta de forma secreta, com a participação
dos 13 vereadores da casa, inclusive o acusado, sendo 12 votos pela
cassação e uma abstenção.
O Vereador CassadoPlanetSul
O Vereador ora cassado, iniciou sua atividade política no Partido dos Trabalhadores. Foi um de seus líderes locais, tendo sido Presidente do Diretório Municipal do PT. Nas últimas eleições municipais, lançou-se como candidato a Vereador e, no lastro de uma campanha de porte, desenvolvida pelo PT na época, conquistou uma cadeira no legislativo, juntamente com dois outros companheiros de partido, registrando a maior vitória até então do Partido dos Trabalhadores em Santa Vitória do Palmar. Durante a campanha de 1999, foi um dos mais contundentes oposicionistas
à administração da época e, no exercício
do mandato, um dos mais exigentes Vereadores da oposição. O segundo semestre de 2003 transcorreu com acusações de comerciante lesado, registros policiais e a formação de uma Comissão Processante, responsável por levantar as informações devidas e, sendo o caso, imputar responsabilidades ao Vereador, acusando-o pela quebra do decoro parlamentar. Foi o que acabou acontecendo. Após mais de seis meses de preparação do relatório, com vários depoimentos das pessoas envolvidas e a prova com o Laudo Grafotécnico do preenchimento do cheque, realizado em Porto Alegre, a Comissão levantou fortes indícios da responsabilidade do Vereador no caso do “Cheque desaparecido”. A história culminou neste dia 27 de fevereiro, com a apresentação do relatório à plenária da Câmara de Vereadores, reunida extraordinariamente, cassando o mandato do então vereador Aluísio.
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